CIRURGIA BARIÁTRICA
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As indicações para a cirurgia bariátrica se modificaram com o passar do tempo. Pelo SUS, o que temos hoje como critérios para cirurgia bariátria é previsto pelas portarias 424 e 425:
- Índice de Massa Corporal (IMC) de 40 kg/m2, com ou sem comorbidades, sem sucesso de tratamento clínico por no mínimo de 2 anos que tenham seguido protocolos clínicos
- Índice de Massa Corporal (IMC) > 35 kg/m2 com comorbidades com alto risco cardiovascular, diabetes e/ou hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas ou outras que não tenham tido sucesso no tratamento clínico.
Por outro lado, o Conselho Federal de Medicina, pela resolução CFM nº 2.172/2017, inclui, além das citadas acima, a seguinte indicação:
- Índice de Massa Corporal (IMC) > entre 30 e 35 kg/m2, com diabetes tipo 2 há pelo menos 10 anos refratário ao tratamento clínico por 2 anos (obs: idade entre 30 e 70 anos)
Já pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), além dos critérios acima, temos, também:
- Índice de Massa Corporal (IMC) > entre 30 e 35 kg/m2 na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação de "grave" por um médico especialista na respectiva áreas da doença
Como podemos ver, para pensarmos em realizar uma cirurgia bariátrica, é FUNDAMENTAL ser avaliado por um médico cirurgião especialista. Cada paciente deve ser atendido e visto de forma individualizada para sabermos qual a melhor proposta no tratamento à obesidade. -
A cirurgia bariátrica é um tipo de cirurgia que visa o tratamento da obesidade, bem como outras doenças que normalmente estão associadas a ela, como hipertensão arterial, diabetes, artrose nas articulações, apneia do sono, entre outras.
A cirurgia, além fazer perder peso, tem o potencial de tratar várias doenças do paciente simultaneamente, trazendo mais qualidade de vida, reduzindo as complicações dessas doenças a longo prazo e aumentando a sobrevida dos pacientes. -
Hoje, no Brasil, as duas cirurgias bariátricas mais realizadas são o Bypass Gástrico em Y de Roux e a Gastrectomia Vertical (Sleeve).
Existem vários outros tipos de cirurgia bariátrica e cada paciente deve ter avaliada individualmente para sabermos qual o melhor tipo de cirurgia PARA O PACIENTE. Essa decisão tem que discutida e compartilhada sempre com o paciente, pois cada tipo de cirurgia tem suas melhores indicações, bem como suas contraindicações. -
Hoje podemos dizer que não! Atualmente com as novas tecnologias, através da cirurgia minimamente invasiva (videolaparoscopia e plataforma robótica) as taxas de complicações diminuiram drasticamente, reduzindo o risco de morte a 0,2%. Infelizmente ainda existe muito o estigma sobre a cirurgia bariátrica como perigosa ou alguém que difunde os raríssimos casos óbito como algo comum.
Em relações a complicações da cirurgia, elas também não são comuns (cerca de 1%). Entre elas, existe a trombose venosa profunda (trombose de veia da perna), fístula (abertura de ponto de costura das alças de intestino ou estômago) e sangramentos. Mas como essas novas tecnologias da cirurgia minimamente invasivas (grampeadores, coaguladores ultrassônicos), bem como abordagem multidisciplinar antes e após a cirurgia, essas complicações tem se tornada ainda mais raras. -
Primeiro precisamos entender que cada paciente que sofre da doença obesidade por diferentes causas e tem diferentes consequências na sua saúde. E quando falamos em saúde, temos que falar sobre saúde mental, corporal, hormonal, comportamental e alimentar. Tudo isso é muito amplo e somente um médico não é capaz de abordagem tanta coisa ao mesmo tempo.
Por isso a avaliação e seguimento por um psicólogo e nutricionista é essencial para termos um tratamento personlizado para cada paciente. Conseguir preparar-se para essa nova fase da vida após a cirurgia é essencial para atingir o máximo de benefício que a cirurgia bariátrica consegue fornecer. Tudo isso inclui a reeducação alimentar, o jeito que como encarar a comida na nossa rotina, além de enteder como o emocional pode estar afetando a obesidade.
Costumo comparar a equipe multidisciplinar com os pais de uma criança apredendo a andar de bicicleta: primeiro os pais ensinam a criança a andar, dar as primeiras pedaladas ao seu lado e depois a criança anda sozinha de bicicleta. Sem os pais, a criança vai cair, machucar e se frustrar. Por isso que a equipe multidisciplinar é fundamental para que a cirurgia bariátrica seja sua bicicleta onde vai conseguir te levar aos melhores lugares da vida.